A METADE
Cheguei. Estou na metade do caminho
ou talvez esteja um pouco além dele. Tanto faz. Cheguei. O corpo agora reclama
ao se levantar. Algo já range. Alguns ossos já teimam por mais ágil que eu
seja. Mas minha alma já de pé, olha para mim ironicamente. Alma de menina, essa
minha! Está sempre à minha frente, tão rápida, saltitante, tão teimosa e
exigente me dizendo: “Vem! Salta comigo!” Ah... E bem que eu tento... Mas o
corpo, essa ordem, já não consegue acatar. E ao perceber não sem surpresa, que
já não posso dar um salto como o seu, quando vê, que meu passo já está um tanto
trôpego, um tanto lento, ela para, rindo. Acabo rindo também, pois a vida tem
lá sua graça. E num esforço, acabo por alcançá-la. Ela me apoia num longo
abraço. Estou na metade do caminho. Talvez um pouco além da metade (quem sabe?)
e ouvindo nosso riso ainda ecoando pelo espaço, penso que apesar de não ter um
salto vigoroso, mesmo não tendo a agilidade da minha alma, tenho como roubar algumas
horas do tempo. Descobri nesses nossos encontros que para não envelhecer é
preciso sorrir.
terça-feira, julho 29, 2014
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