A METADE

Cheguei. Estou na metade do caminho ou talvez esteja um pouco além dele. Tanto faz. Cheguei. O corpo agora reclama ao se levantar. Algo já range. Alguns ossos já teimam por mais ágil que eu seja. Mas minha alma já de pé, olha para mim ironicamente. Alma de menina, essa minha! Está sempre à minha frente, tão rápida, saltitante, tão teimosa e exigente me dizendo: “Vem! Salta comigo!” Ah... E bem que eu tento... Mas o corpo, essa ordem, já não consegue acatar. E ao perceber não sem surpresa, que já não posso dar um salto como o seu, quando vê, que meu passo já está um tanto trôpego, um tanto lento, ela para, rindo. Acabo rindo também, pois a vida tem lá sua graça. E num esforço, acabo por alcançá-la. Ela me apoia num longo abraço. Estou na metade do caminho. Talvez um pouco além da metade (quem sabe?) e ouvindo nosso riso ainda ecoando pelo espaço, penso que apesar de não ter um salto vigoroso, mesmo não tendo a agilidade da minha alma, tenho como roubar algumas horas do tempo. Descobri nesses nossos encontros que para não envelhecer é preciso sorrir.

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