MUSEU, ROMANCE E CENA

Esse tempo chuvoso me faz lembrar uma mulher que um dia vi parada na escadaria do Museu de Belas Artes. Quem olhasse com mais atenção, perceberia que ela aguardava ansiosa, por alguém. Caía uma chuva fina. E entre casacos, sombrinhas floridas e discretos guarda-chuvas, um homem surge subindo as escadas. Dali em diante ela já não vê mais ninguém atravessando a Rio Branco. Parecia um filme antigo. Sorrindo, ele caminha em sua direção e diz: - Acho que essa chuvinha não vai parar, que tal tomarmos um café? Entraram no museu. Tomaram café sem pressa. Era domingo, alguém tocava o piano do café e as salas do museu, estavam quase vazias. Vazias... Talvez fosse a chuva. Ele lhe disse que estava muito bonita. Ela sorriu. Pensei: esse filme bem podia acabar agora. Ela feliz, ele também... Não por ser domingo, não por estar chovendo, não por ela parecer uma tola romântica. Apenas pela beleza da cena. Infelizmente, nunca mais retornei ao museu. Mas ainda trago na lembrança aquele jovem casal, tomando café de mãos entrelaçadas. Acredito que suas sombras ainda estejam por lá. Seguiram apaixonadas, até a última tomada.

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