O CHÁ
Minha irmã me disse uma vez que dor
também alimenta. Que pela dor, que pelo constante ferir, uma pessoa pode nos
prender. Foi com certa tristeza que me disse isso. A mesma tristeza que me
acompanha enquanto aqui, relato o que me foi dito. Um dia um amigo me disse que
acreditamos no que sentimos quando nos apaixonamos. Foi com um desejo enorme de
estar certo, que ele me disse isso. Fico aqui pensando no quanto seria bom que,
em relação à dor, eu não tivesse apetite nem paladar. Porém, tenho. Já comi em
prato fundo essa iguaria. Quanto à outra questão, a que diz respeito ao crédito
que damos aos nossos sentimentos, gostaria imensamente de pelo menos algumas
vezes, não ter acreditado tanto. Por que acreditando no que senti, sem querer,
por pura humanidade mesmo, acreditei no sentimento do outro. E quantas vezes,
por acreditar, não acabei comendo uma enorme dor? Acabei mudando o foco, já que esperança é a
última que morre, e como sou do tipo guloso, me entreguei à sobremesa,
acreditando que o que comi antes, foi só por que o outro tinha medo, era
inseguro e etc... E que tudo se resolveria na sobremesa. Um doce afago, um
pudim de desculpas... Bem, nem sempre aconteceu. Acho que todo mundo passa por
essa frustração: uma sobremesa que nunca chega. E, dependendo da história, a
gente acredita mesmo, que a pessoa pela qual nos apaixonamos, vai nos oferecer
algo pra compensar toda aquela dor que estamos comendo. Vai do tamanho do que
sentimos e do que projetamos no outro. Sendo assim, podem acontecer situações
em que temos absoluta certeza que algo maravilhoso vai se suceder e que não
teremos uma tremenda indigestão. Sei não... Na dúvida, é melhor ter um bom chá
de amor próprio por perto. Vai que já na terceira garfada, fique claro que vai
ser uma gororoba do início ao fim? Que não existe sobremesa que dê jeito?
Melhor pedir licença e ir embora, já bebericando o poderoso chazinho.
quarta-feira, junho 26, 2013
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Tania Salgueiro 2017- Todos os Direitos Reservados
3 comentários:
é verdade, precisamos sempre ter um chazinho no nosso "armário", ainda que bem guardadinho, porque precisamos aprender a comer coisas diferentes, ou apenas experimentar, nem que seja pra dizer: - "deste prato não como mais!".
E quantas vezes ficamos com vontade comer uma sobremesa mas sabemos que não devemos, que por gostosa que ela possa ser pode vir o arrependimento quando a gente parar pra olhar no espelho. Então, mesmo com adúvida que ficamos, se não for por um prazer que compensa, é melhor ir direto pro chá ou até mesmo para o cafezinho.
Valeu Claudia!
Pois é Ju! Tanto faz se adoçado ou não. O negócio é não deixar de tomar... rs
E para potencializar o efeito, nada como um chá servido em xícaras de porcelana "casca de ovo": não há autoestima que queira sair desta moldura...
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