ARTUR
Naquela casa de muro alto vive um
menino passarinho, que está sempre testando seus voos. Corre por todo
quintal, com seu riso frouxo tendo os cabelos iluminados pelo sol. Traz consigo
um coração de esparadrapo e com certo desequilíbrio, em seu colo, um gato.
Pela manhã, bem cedinho, é comum
vê-lo em plena guerra. Os punhos erguidos diante de inimigos, tão seus amigos
diários.
Tem sempre algo a dizer sobre
qualquer coisa.
Está sempre contando suas proezas.
Sabe de tudo, pois tudo o que diz é
de fato a mais “pura verdade”.
Nunca está com fome e brincar é seu
almoço e jantar.
É ele, que sentado no batente da
varanda, muito concentrado, conserta o que em mim está quebrado. Ele tira de
dentro de mim, do mesmo jeito que tira as rodas dos carrinhos, o peso da
seriedade. Ponho-me a rir da façanha, e já consertada, ciente de que seja lá
qual for o jogo, não ganho, brincamos.
Dorme segurando minha mão, deitado
numa imensa nuvem feita de livros, canções, aventuras e medos.
domingo, março 03, 2013
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Poesia
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